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Você já teve um daqueles momentos em que você acorda se questionando se você sempre foi uma pessoa deboísta ou se tava apenas tentando se encaixar naquilo que todos sempre esperaram de você nos últimos 30 anos? Como isso te fez sentir?

Porque eu posso dizer que eu fiquei bem puta da vida.

Fiquei puta por perceber que todas as opiniões que omiti foi não apenas pela minha super resiliência, mas pelo medo de decepcionar as pessoas que esperam que eu sempre abaixe a cabeça (porque, bem, eu sempre abaixo mesmo).

Fiquei puta por reparar que todas as brigas que evitei foi não apenas pelo meu excesso de paciência, mas pelo medo de perder ou de afastar as pessoas que esperam que eu sempre apazigue (porque, bem, eu sempre apaziguo mesmo).

Fiquei puta por notar que todas as coisas que eu deixei de exigir para mim mesma foi não apenas pela minha alta maleabilidade, mas pelo medo de ser rejeitada por impôr minhas vontades pelas pessoas que acham que eu não mereço (porque, bem, eu sempre achei que não merecia mesmo).

Eu sempre me vi como empática e deboísta, pois acredito no poder da compreensão, nas circunstâncias e contextos de toda situação. Acima de tudo, eu acredito no poder do perdão e nada me tira do sério facilmente.

Exceto comigo mesma: eu nunca me permiti sentir as coisas – e tampouco me perdoar.

Sentir raiva? Não pode. Mágoa? Pra quê? Rancor? Melhor não. Impulsividade? Não precisa. Ambição? Jamais! Errar também nunca foi opção. E durante todo esse tempo tentando ser a minha melhor versão – a que eu achava ser, aquela que todos esperam de mim – eu só me permiti sentir medo.

Tá comigo há 30 anos, esse maldito.

E com todo esse medo, eu nunca me permiti a tranquilidade de ser quem eu sou sabendo que, aqueles que de fato importam, ficam.

E não importa o quanto eu decepcione, afaste ou imponha. Eles ficam!

Só que hoje, ah, hoje eu acordei sentindo raiva, sim. Eu me permiti chorar. Eu me permiti questionar tudo que eu fui e, essa é a melhor parte: eu me perdoei por querer ser tão forte.

Me perdoei por permitir que o medo da imperfeição fosse maior do que a minha vontade de ser. E eu acordei com uma ambição fervorosa de fazer por mim tudo aquilo que eu não havia me permitido antes: ser verdadeiramente eu mesma, sem medo de me sentir eu mesma.

Os 30 anos, eles chegam fervendo.

E enquanto você lê esse texto, eu tô com o meu café na mão – ao som de Jagged Little Pill – me permitindo sentir qualquer coisa e tentando processar tudo isso. Incluindo o fato de que eu usei palavrões pela primeira vez em 10 anos de blog. E sabe como isso me fez sentir?

Bem pra caralho.

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