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Uma resenha confusa sobre O Conto de Aia, de Margaret Atwood.

Eu ainda não sei se amei ou odiei esse livro. Talvez eu tenha amado por ser uma distopia – e eu amo distopias, mas talvez eu tenha amado mesmo por ser tão real e possível – ao mesmo tempo em que é tão distante da nossa realidade. Posso ter odiado por ser uma leitura lenta e bem angustiante, mas talvez eu tenha odiado por ser tão real e possível – ao mesmo tempo em que é tão distante da nossa realidade.

Uma ficção antiga, mas tão atual, que joga na nossa cara de forma crua e cruel todos os avanços que as mulheres fizeram na história – e como tudo isso pode ser tirado de nós em algum momento.

Nós parecíamos capazes de escolher naquela época. Éramos uma sociedade que estava morrendo, dizia Tia Lydia, de um excesso de escolhas.

Esse livro é uma ficção com um toque de profecia. Parece ridículo dizer isso, mas ele nos mostra que não sabemos lidar muito bem com escolhas, avanços e liberdade – até que um dia alguém decide nos privar de tudo isso.

O romance tem como cenário um Estado teocrático e totalitário, no qual as mulheres são anuladas. O nome dessa república é Gilead, mas já foi Estados Unidos da América. Uma das obras mais importantes da premiada escritora canadense, O Conto de Aia foi escrito em 1985 e inspirou a série The Handmaid’s Tale.As mulheres de Gilead não têm direitos – e muitas se tornaram inférteis. Elas são divididas em categorias, cada qual com uma função muito específica no Estado, que dita como elas devem se comportar e se vestir.

Offred, nossa protagonista, pertence a categoria das aias: elas servem unicamente para dar filhos aos homens de alto ranking do governo – e suas esposas inférteis.

É uma distopia muito incrível, mas achei a leitura lenta e pesada. Não é aquele tipo de livro que você devora as páginas e termina em um dia, sabe? Não sei se isso acontece pela narrativa detalhada – o que torna tudo meio cansativo – ou pelo fato de que algumas cenas me nausearam e eu precisei pausar a leitura.

Essa poderia ser a última vez que tenho de esperar. Mas não sei o que estou esperando. O que você está esperando?, costumavam dizer. Isso significava apresse-se. Não se esperava nenhuma resposta.

Você vai descobrindo como as coisas acontecem junto com a protagonista, o que é um pouco confuso. Ela mistura diálogos com pensamentos e eu precisei reler algumas cenas para compreender o que estava acontecendo. Acho que talvez esse fosse o propósito da autora – fazer sentir a angústia e confusão que Offred sentia?

Acho que posso resumir O Conto de Aia nessas duas palavras: angústia e confusão.

Eu não consigo falar muito sem soltar spoilers – então eu só posso recomendar a leitura e esperar que você ame e odeie como eu, que fique confusa e angustiada como fiquei. Posso adiantar que o final é surpreendente – mas não aquele tipo de surpreendente que você aplaude e aquece o seu coração. É um final que faz sentido e que dá um toque de realidade para O Conto de Aia, além de um grande propósito para a vida e os relatos de Offred.

Assustador, inquietante e confuso.

Você já leu O Conto de Aia? Compartilha aqui comigo o que achou? Beijas!

Deve ser um inferno ser um homem, dessa maneira. Deve ser muito bom. Deve ser um inferno. Deve ser muito delicioso.

Esse livro foi a nossa leitura de Agosto do Infinistante, clube do livro com a Melina Souza e Maki De Mingo. O clube não existe mais, mas nos fez muito felizes enquanto durou.

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